BOM DIA!!!
URGENTE – REFLEXÃO FAMILIAR SOBRE TROCA DE APARTAMENTO. ISTO PODERIA SER CONSIDERADO UMA MUDANÇA RADICAL NO COTIDIANO E ESPAÇO FÍSICO DA OCTOGENÁRAI MARIA JOSÉ CORREIA BORGES???
SERÁ QUE ISTO SERIA UMA VIOLÊNCIA QUE ESTARIA AGREGANDO MAIS UM FATOR DE AMPLIAÇÃO DO TRANSTORNO DEPRESSIVO QUE SE ENCONTRA???
Na tentativa de compreender o desastre na perspectiva dos idosos colocam-se em destaque as dimensões sociais de fragilização a partir de uma mudança radical no seu cotidiano e no espaço físico, bem como nas relações com a comunidade e consigo mesmo. Nesse sentido, ocorre uma descaracterização do local onde ocorreram diversas histórias individuais, de família e comunitárias. Com isso o idoso sente seus fragmentos materiais e memórias individuais e coletivas serem
“destruídas”, que em muitos casos de desastres acabam por resultar em afastamento e até “esquecimento” daquele espaço (VIANA; VALENCIO, 2015) [Fonte: A VULNERABILIDADE PSICOSSOCIAL DA PESSOA IDOSA FRENTE ÀS SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIAS E DESASTRES Diana Maria da Silva Sousa; Ubiracelma Carneiro da Cunha Faculdades Integradas da Vitória de Santo Antão – FAINTVISA;
dianasousapsi25@gmail.com – LINK: http://www.editorarealize.com.br/revistas/cneh/trabalhos/TRABALHO_EV054_MD4_SA2_ID2109_10102016130028.pdf
LEITURA ADICIONAL: Saraiva, E. R. A. e Coutinho, M. P. L. A difusão da violência contra idosos: um olhar psicossocial /
A DIFUSÃO DA VIOLÊNCIA CONTRA IDOSOS: UM OLHAR PSICOSSOCIAL DIFFUSION OF VIOLENCE AGAINST THE ELDERLY: A PSYCHOSOCIAL LOOK/Evelyn Rúbia de Albuquerque Saraiva e Maria da Penha de Lima Coutinho Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Brasil
LINK:
http://www.scielo.br/pdf/psoc/v24n1/13.pdf
Todos os anos, um grande número de pessoas,
entre crianças, mulheres e idosos, tanto na instituição
familiar quanto em outras instituições sociais, tem sido
vítima de abuso, violência, negligência, maus-tratos
e discriminação, tendo seus direitos e sua cidadania
cruelmente desrespeitados. Com grande frequência e
gravidade, a violência é evidenciada nos diferentes
espaços de convivência social, constituindo uma questão
que afeta os direitos humanos e que compromete a
qualidade de vida dos cidadãos vitimados, sob o ponto
de vista da saúde global e preventiva (Faleiros, 2004;
Gaioli & Rodrigues, 2008; Minayo, 2005; Oliveira,
Pires, & Manuel, 2009; Silva & Lacerda, 2007).
Nos países desenvolvidos, a sociedade contemporânea
tem sido caracterizada pela incorporação crescente
de novos direitos de cidadania, dentre os quais a
assistência à saúde e os cuidados com a preservação da
vida aparecem como principais conquistas. Os serviços
de saúde podem ser considerados como os principais
setores para a observação e o tratamento dos danos
decorrentes da violência, tanto familiar quanto institucional.
No entanto, apesar de a violência poder ser
caracterizada como um produto das políticas socioeconômicas,
a sua identificação e a sua prevenção ainda se
encontram distantes dos serviços de saúde, em boa parte
dos países desenvolvidos (Gaioli & Rodrigues, 2008).
Por essa razão, urge compreender de forma
aprofundada o fenômeno da violência, no que tange
à sua conceituação, às suas formas de expressão e às
suas implicações na vida dos cidadãos a ela submetidos.
Na atualidade, reconhece-se o caráter complexo,
polissêmico, subjetivo e controverso da violência,
caracterizando-a como um problema multifacetado e
multidimensional, assim como um fenômeno socialmente
construído (Minayo & Souza, 2005; Organização
Mundial da Saúde, 2002).
Segundo Santos (2001), a violência social contemporânea
caracteriza-se pela força, pela coerção e
pelo dano em relação ao outro, que são atos de excesso
presentes nas relações de poder (seja no nível macro,
do Estado, seja no nível micro, entre os grupos sociais).
Nas palavras do próprio autor, a violência é
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a relação social de excesso de poder que impede o reconhecimento
do outro – pessoa, classe, gênero ou raça –,
mediante o uso da força ou da coerção, provocando algum
tipo de dano, configurando o oposto das possibilidades
da sociedade democrática contemporânea. (pp. 107-108)
Tendo em vista o caráter polissêmico da sua
conceituação, a Organização Mundial de Saúde (OMS,
2002) define a violência como:
o uso intencional da força física ou do poder, real ou em
ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra
um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha grande
probabilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico,
deficiência de desenvolvimento ou privação (p. 4).
Considerando, especialmente, a violência contra a
pessoa idosa, associa-se ao termo “violência” a expressão
“maus-tratos e negligência” na terminologia sugerida
pela organização inglesa Action on Elder Abuse (AEA)
e endossada pela Organização Mundial de Saúde. Nessa
direção, “violência” significa “uma ação única ou repetida,
ou ainda a ausência de uma ação devida, que causa
sofrimento ou angústia, e que ocorre em uma relação em
que haja expectativa de confiança” (AEA, 2007, p. 2).
De acordo com Siqueira, Botelho e Coelho
(2002), o fenômeno da violência contra a pessoa idosa
tem aumentado em todo o mundo, em virtude do
constatado aumento do envelhecimento da população
humana. Observado nitidamente nas últimas décadas,
esse processo de crescimento do envelhecimento demográfico
ou populacional é impulsionado pela queda
da taxa de natalidade e pelos avanços da biotecnologia,
em todo o mundo, incluindo o Brasil.
A Organização das Nações Unidas (ONU, 2002)
considera o período entre 1975 e 2025 como a Era do
Envelhecimento. Nos países em desenvolvimento, esse
envelhecimento populacional tem sido mais significativo e
acelerado: enquanto nas nações desenvolvidas, no período
de 1970 a 2000, o crescimento observado foi de 54%, nos
países em desenvolvimento esse crescimento atingiu 123%.
No caso do Brasil, no período de 1997 a 2007, a
população em geral apresentou um crescimento relativo da
ordem de 21,6%. No entanto, o crescimento da população
idosa foi da ordem de 47,8% na faixa etária de 60 anos e
da ordem de 65% entre os idosos com 80 anos ou mais
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE],
2008). A região Sudeste concentrou quase a metade (9,4
milhões) dos idosos com 60 anos ou mais do país, seguida
pela região Nordeste (5,1 milhões) e pela região Sul (3,2
milhões). As regiões Centro-Oeste e Norte reuniram grupos
relativamente menores nesta faixa etária: 1,2 milhão e
1 milhão de idosos, respectivamente (IBGE, 2002, 2008).
Segundo a Síntese de Indicadores Sociais do
IBGE (2008), foram considerados em situação de
pobreza mais de 2,5 milhões de idosos (12,2%) no
país, que vivem em domicílios cujo rendimento médio
mensal domiciliar per capita é de até ½ salário mínimo.
Nas áreas rurais, o percentual de idosos que moram em
domicílios, nessa faixa de rendimento, chega a 20,2%
do total de idosos desses locais, enquanto que, nas áreas
urbanas, esse percentual é de 11,1%. A região Nordeste
alcança a maior proporção de idosos em situação de
pobreza (24,2%), enquanto que a região Sul atinge a
menor proporção (6,5%) (IBGE, 2008).
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
Humano (PNUD, 2010) revelou que o Brasil
encontra-se entre os setenta países do mundo com alto
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Esse índice
é estabelecido por meio de três dimensões: (a) uma vida
longa e saudável, medida pela esperança de vida desde o
nascimento; (b) as metas relativas ao acesso à educação;
e (c) as condições de vida condignas. Assim, a longevidade
dos indivíduos revela-se como um importante
indicador de desenvolvimento humano de uma nação.
Ao mesmo tempo, o ritmo acelerado de crescimento
da taxa de participação dos idosos levanta importantes
debates quanto à capacidade da sociedade em se adaptar
a essa realidade em mutação (IBGE, 2008).
Na opinião de Siqueira, Botelho e Coelho (2002),
o processo de envelhecimento populacional repercutiu
e ainda continua repercutindo nas diferentes esferas da
estrutura social, econômica e política da sociedade, uma
vez que os idosos possuem necessidades específicas
para a obtenção de condições de vida adequadas. Diante
desta conjuntura, de acordo com Veras (2003), para além
do estudo do perfil demográfico sobre o envelhecimento
populacional, faz-se necessário investigar o processo de
envelhecimento a partir das mudanças culturais e sociais
resultantes dessa ampliação do contingente de pessoas
idosas. As repercussões das profundas transformações
sociais subjacentes ao envelhecimento ainda são pouco
contempladas nos estudos da área, significando, no atual
momento, o início de um processo em curso.
Além do crescimento da população idosa, existem
muitas outras dificuldades, que são enfrentadas pelos idosos
no decorrer da velhice, sendo que várias delas são decorrentes
da fragilidade e vulnerabilidade próprias do seu
estado fisiológico. Além das condições de vida, o estado
fisiológico dos idosos pode torná-los vítimas em potencial
da crescente violência e dos maus-tratos observados em
nossos dias. A violência e os maus-tratos comprometem
as conquistas alcançadas com a longevidade, com importantes
repercussões no bem-estar e na qualidade de vida
das pessoas idosas (Machado & Queiroz, 2006).
Por se tratar de um fenômeno socialmente construído,
a violência e os maus-tratos são representados
de forma diferente entre as sociedades e entre os grupos
de uma mesma sociedade. Essa afirmação conduz ao
entendimento de que a abordagem social desta temática
pode trazer importantes desdobramentos na produção do
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Saraiva, E. R. A. e Coutinho, M. P. L. A difusão da violência contra idosos: um olhar psicossocial
conhecimento e na intervenção em diversos segmentos
da sociedade, se for estudada dentro de uma perspectiva
psicossociológica, distanciando-se, portanto, das
abordagens puramente epidemiológicas e demográficas.
Por essa razão, o presente estudo baseia-se no
arcabouço teórico da Psicologia Social, sob o olhar
psicossocial conduzido pela Teoria das Representações
Sociais, de Moscovici (1978, 2009). Com base
em tal fundamentação teórica, o objetivo principal é
investigar as teorias do senso comum em que emergem
os elementos ideológicos veiculados e divulgados nos
textos jornalísticos sobre a matéria.
As representações sociais se referem a um fenômeno
típico da sociedade moderna (Moscovici,
2009). Significam o conjunto de conceitos, afirmações
e explicações que se originam no dia-a-dia, durante a
comunicação e a cooperação entre indivíduos e grupos.
Essa teoria interessa-se por saber como um novo
conhecimento científico
se espalha e é apropriado por
diferentes grupos sociais, pertencendo a uma tradição
que estuda a popularização de fenômenos sociais que
se tornaram um assunto de preocupação pública.
Por essa razão, ao se estudar a representação
social, focaliza-se como o ser humano procura compreender
o mundo e não como ele se comporta. Moscovici
(2009) adverte que a compreensão é uma faculdade
inerente ao ser humano. Se antes se acreditava que ela
era advinda do mundo externo, agora tudo leva a crer
que a comunicação social possui grande importância na
construção dessa compreensão do mundo.
De acordo com Moscovici (2009), as representações
sociais de um grupo constituem o resultado de um
processo de transformação daquilo que é não-familiar e
não conhecido em algo familiar e particular. Portanto, uma
função básica das representações sociais é a integração
da novidade, o que é conseguido através dos processos
interligados envolvendo a ancoragem e a objetivação.
A transformação do que não é familiar em algo familiar
não se processa de maneira automática na vida dos
indivíduos, mas conta com a participação da memória e das
conclusões pré-estabelecidas. O processo de ancoragem
transfere o desconhecido para o esquema de referência,
por meio da comparação e da interpretação; por sua vez,
o processo de objetivação reproduz o desconhecido, entre
o que é visível e tangível, trazendo-o, assim, sob controle.
Nesse sentido, a objetivação é um processo interligado
à ancoragem, que contribui para o surgimento de uma
representação social frente a um novo objeto, por meio da
materialização de uma entidade abstrata, que foi ancorada
pela classificação e pela nomeação (Moscovici, 2009).
Cabe destacar que as representações sociais não são
construídas num vácuo social. Na verdade, elas vão sendo
compartilhadas, socializadas e representadas no cotidiano
das pessoas. Isso ocorre através das práticas e falas que
elas escutam dos demais integrantes da comunidade, do
que leem, ouvem ou veem nos meios de comunicação
e das experiências vivenciadas no transcorrer da sua
história de vida e da sua convivência social. Segundo
Moscovici (2009), as representações sociais devem ser
vistas “como uma maneira específica de compreender e
comunicar o que já sabemos ... tem como objetivo abstrair
o sentido do mundo e introduzir nele ordem e percepções
que reproduzam o mundo de forma significativa” (p.46).
De acordo com alguns autores (Alexandre, 2001;
Silva & Camargo, 2004), a mídia possui um papel
fundamental para o conhecimento do senso comum,
pois, ao popularizar para o leigo os conhecimentos
produzidos pela ciência, age na produção e veiculação
das representações sociais. Moscovici (2009) busca
explicitar como os saberes, em nível social, permitem
à coletividade processar um dado conhecimento veiculado
pela mídia, transformando-o numa propriedade
impessoal, pública, que consente a cada indivíduo
manuseá-lo e utilizá-lo de forma coerente com os
valores e as motivações sociais da coletividade à qual
pertence. Na segunda parte do seu livro A psicanálise,
sua imagem e seu público, Moscovici (1978), com o
objetivo de estudar a interação de atores sociais através
da mídia, classifica e analisa os três sistemas distintos
de comunicação: propaganda, propagação e difusão.
Essas formas de comunicação estão entrelaçadas e
relacionadas a cada conduta edificada: a propaganda
correlaciona-se com os estereótipos, a propagação com
as atitudes e a difusão com as opiniões.
Considerando-se o sistema de difusão como um
produto do diálogo social e, portanto, como um ambiente
de circulação de opiniões, a mídia (especialmente
os jornais) tem-se constituído como um veículo das
representações sociais (Moscovici, 1978). Segundo
Ponte (2005), na medida em que constroem a história de
todo dia, numa linguagem coloquial, os jornais tornam
o texto acessível a todas as camadas letradas da sociedade,
funcionando como fonte de formação e difusão
de representações. Nesse sentido, numa sociedade em
constante movimento, as mudanças de representação
social são conduzidas com agilidade pelos meios de
comunicação de massa. Por intermédio dos meios de
comunicação, as representações hegemônicas da sociedade
imprimem uma pressão sobre os sujeitos sociais,
ao mesmo tempo em que variam de uma sociedade para
outra, pois “diferem de acordo com a sociedade em
que nascem e são moldadas” (Moscovici, 2001, p. 49).
Segundo Minayo e Souza (2005), quando se
olha mais profundamente para o problema social da
violência e maus-tratos contra os idosos, encontra-se
uma dimensão fundamentada no imaginário popular ou
no senso comum, uma vez que a sociedade reproduz a
ideia de que a pessoa vale o quanto produz e o quanto
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Psicologia & Sociedade; 24 (1), 112-121, 2012
ganha. Nesse sentido, os mais velhos, fora do mercado
de trabalho e quase sempre ganhando uma pequena aposentadoria,
podem ser descartados, sendo considerados,
pela sociedade adulta e pelos próprios idosos, como
inúteis ou como pesos mortos. Frequentemente, diversas
expressões da violência e maus-tratos contra a pessoa
idosa são tratadas como uma forma de agir “normal” e
“naturalizada”, ficando ocultas nos usos, nas ideias, nas
crenças, nos costumes e nas relações entre as pessoas.
De acordo com Jardim, Medeiros e Brito (2006), no
imaginário social, o envelhecer está associado com o
fim de uma etapa, sendo um sinônimo de sofrimento,
solidão, doença e morte. Nesse imaginário, dificilmente
se vê algum prazer de viver essa fase da vida.
Com base nessas considerações, esta pesquisa
apresenta-se como um estudo a respeito do imaginário
popular sobre a velhice e a violência a ela associada.
Sob um olhar psicossociológico, objetiva apreender as
representações sociais da violência, dos maus-tratos e
da negligência contra os idosos, tal como são divulgadas
pela mídia impressa.
Método
Tipo de estudo e amostra
Trata-se de uma pesquisa documental, de caráter
descritivo, utilizando uma amostra de 28 artigos do
jornal a Folha de São Paulo, publicados de janeiro de
2001 a novembro de 2008, contendo todos os gêneros
textuais sobre “violência contra idosos”. A escolha do
referido jornal deveu-se ao fato de possuir uma linha
editorial dirigida à classe média, com a proposta de
um jornalismo mais politizado, intelectual e científico,
usando uma linguagem elaborada e supostamente
neutra. Embora produzido no estado de São Paulo, esse
jornal tem penetração em todo o país.
Coleta e análise de dados
A leitura e a seleção dos artigos pertinentes foram
realizadas pela internet, através do formato eletrônico
do jornal. Para fazer a coleta, utilizamos a expressão
violência contra idosos e cada artigo foi codificado em
relação ao ano e ao gênero textual. A variável ano de
publicação recebeu uma codificação entre 2001 e 2008,
e os gêneros textuais compreenderam opinião/editorial,
painel dos leitores, nota, reportagem e entrevista.
Os artigos selecionados e codificados foram processados
pelo ALCESTE (Analyse Lexicale par Contexte
d’un Ensemble de Segments de Texte), um software
de análise de dados textuais desenvolvido por Reinert
(1993), cujo objetivo é obter uma classificação estatística
de enunciados simples do corpus estudado, em função
da distribuição de palavras dentro do enunciado, a fim de
apreender as palavras que lhes são mais características.
Dessa maneira, o ALCESTE identifica classes de palavras
que representam as diferentes formas de discurso
a respeito do objeto de pesquisa (ALCESTE, 2007;
Camargo, 2005; Saraiva, Coutinho, & Miranda, 2011).
Por meio da análise padrão do software ALCESTE,
foram processadas 28 notícias veiculadas pelo jornal
Folha de São Paulo entre 2001 e 2008 e acessadas
por busca na internet.
Foram realizadas: (a) a descrição da frequência
e do percentual das palavras, seguida do cálculo do χ2
(medida da relação entre as palavras, dados os padrões
de co-ocorrência entre as classes); (b) a Classificação
Hierárquica Descendente (CHD) ou clusters das classes
de palavras encontradas, com base na proximidade de conteúdos
do total do corpus, em um gráfico com formato de
dendrograma; e (c) a Análise Fatorial de Correspondência
(AFC), que permite visualizar, sob a forma de um plano
fatorial, as oposições resultantes da CHD (Jesus, 2007).
Resultados
O corpus foi constituído de 28 unidades de contexto
iniciais (U.C.I), representando 28 notícias, totalizando
12.587 ocorrências, sendo 3.560 palavras diferentes,
tendo, em média, 4 ocorrências por palavra. Para a análise
que se seguiu, foram consideradas as palavras com
frequência igual ou superior à média e χ2 ≥3,84. Após a
redução do vocabulário às suas raízes, foram encontradas
414 palavras reduzidas e analisáveis e o corpus foi reduzido
a 934 unidades de contexto elementares (U.C.E).
A análise hierárquica descendente reteve 96%
do total das U.C.E do corpus, organizadas em quatro
classes. Conforme o dendrograma da Figura 1, houve
a primeira partição do corpus em dois subcorpus, um
deles resultando na Classe 4, denominada de “envelhecimento
populacional e mortes por causas violentas”.
Da segunda repartição, emergiu a temática “vivências
e submissões dos idosos”, composta pelas três classes
restantes, agrupadas, por sua vez, em dois blocos: um
com a Classe 3, designada “vivências domésticas e
institucionais dos idosos”, e outro com as Classes 1 e
2, bloco nomeado como “subordinação dos idosos às
normatizações, ao Estado e aos ditames da Ciência”.
A Classe 1, denominada “subordinação dos idosos
às ações governamentais”, envolveu 130 U.C.E, com 82
palavras, significando 14,43% do corpus. A Classe 2, categorizada
como “subordinação dos idosos às normas legais
e ditames científicos”, foi formada por 307 U.C.E, contendo
82 palavras e expressando 30,07%. A Classe 3, que trata
das “vivências domésticas e institucionais dos idosos”, com
212 U.C.E e 113 palavras, contabilizou 23,53%. Por fim,
a Classe 4, denominada “envelhecimento populacional e
mortes por causas violentas”, conteve 252 U.C.E. e 99
palavras, correspondentes a 27,97% das U.C.E.
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Saraiva, E. R. A. e Coutinho, M. P. L. A difusão da violência contra idosos: um olhar psicossocial
Figura 1: Dendrograma da Classificação Hierárquica Descendente
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Psicologia & Sociedade; 24 (1), 112-121, 2012
Observe-se que a distribuição das U.C.E. entre as
classes apresentou-se de maneira relativamente desequilibrada,
com predomínio das Classes 1 e 2, totalizando
44,5%, as quais, somadas à Classe 3, acumularam
68,03% das UCE analisadas. Por outro lado, a Classe
4 apareceu com 27,97% das UCE.
Buscando uma melhor compreensão do processo
de divisão do conteúdo textual e da constituição das
classes, o dendrograma da distribuição das classes permite
visualizar os sucessivos agrupamentos realizados a
partir da análise hierárquica descendente ou análise dos
clusters. Apesar de sua presença nas demais classes analíticas
apresentadas pelo Alceste, a temática discutida
neste trabalho encontra-se expressa e reunida na Classe
4. Em função disso, será apresentada, inicialmente, a
referida classe e, posteriormente, será realizada uma
análise transversal do tema no conjunto dos resultados.
De acordo com a Figura 1, a Classe 4, “envelhecimento
populacional e mortes por causas violentas”, foi
composta por palavras e radicais no intervalo entre χ2 =
49,30 (Aumenta, aumentam, aumentando, aumentaram,
aumentava, aumente, aumento, aumentou) e χ2 = 4,78
(constatação, constatada, constatado e constatou). As
variáveis-atributos que mais contribuíram com esta
classe foram os anos de 2006 e 2002, além de editoriais
e entrevistas.
Algumas UCE representativas, que justificam a
denominação da Classe 4, podem ser vistas a seguir:
população e indicadores sociais do IBGE / O total de
mortes violentas em 21 anos constatado pelo registro
de ocorrências / Hoje, a expectativa de vida no Brasil
é de / melhoria, apesar do impacto negativo das mortes
violentas, a expectativa de causas evitáveis / Para
o demógrafo, a expectativa de vida no Brasil ainda é
baixa por conta da violência / De 1980 a 2001 ocorreram
no país 1.913.186 mortes por causas violentas.
A constatação foi que as mortes por causas violentas
estão na raiz do problema.
Segundo a Figura 1, a Classe 3, “vivências domésticas
e institucionais dos idosos”, foi composta
por palavras e radicais no intervalo entre χ2 = 50,24
(casa) e χ2 = 13,06 (quadras; irmã e irmãos; pergunta,
perguntando perguntavam e perguntou; região; viúva
e viúvo). As variáveis-atributos que mais contribuíram
com esta classe foram as reportagens registradas nos
anos entre 2004 e 2006.
A seguir, estão listadas algumas UCE representativas,
que justificam a denominação da Classe 3, que
trata das vivências, domésticas e institucionais, de fatos
relativos à violência contra idosos:
O pai / bateram nele e na mulher e levaram a poupança
do mais velho / chorou, / Não aguentei, só ela está viva
/ asilo do bairro da zona sul, que foi assaltado por um
grupo / Apresentaram-se na casa dele como amigos
do filho mais velho / Foi espancado / martiriza-se
F., de cerca de 80 anos / A mulher, surda-muda, tem
problemas mentais.
Como pode ser observado na Figura 1, a Classe
2, “subordinação dos idosos às normas legais e aos
ditames científicos”, foi composta por palavras e radicais
no intervalo entre χ2 = 37,37 (média, médica,
médico, médicos, médio, medo) e χ2 = 9,50 (centro,
centros). As variáveis-atributos que mais contribuíram
para esta classe foram notas e reportagens, nos anos
de 2003 e 2007.
A seguir, são listadas algumas UCE representativas,
que justificam a denominação da Classe 2, que
trata das evidências empíricas da força da normatização
e da ciência na vida dos idosos:
um estudo realizado em 2000 pela organização norte
americana / Outra pesquisa, realizada entre alunas da
faculdade da terceira idade. O estudo revela que a população
idosa urbana / O Estatuto do Idoso e um PAC
da terceira (idade) define que / É o que aponta pesquisa
da fundação em conjunto com pessoas / alerta o chefe
da disciplina de geriatria da UNIFESP, as quedas são
responsáveis por 12% dos óbitos na terceira idade.
De acordo com a Figura 1, a Classe 1, “subordinação
dos idosos às ações governamentais”, foi composta
por palavras e radicais no intervalo entre χ2 = 53,12
(segurança) e χ2 = 11,94 (ônibus). As variáveis-atributos
que mais contribuíram para esta classe foram: participação
dos leitores e entrevistas publicadas em 2003.
As UCE ou pseudofrases que são mostradas a
seguir são representativas da Classe 1, que se refere às
ações do governo e das vivências familiares no contexto
da violência contra os idosos:
de ver o presidente / empenhado na questão da segurança
tanto quanto esteve empenhado no fome zero / Os
meios necessários para uma sobrevivência digna, que
ao menos o respeito lhes seja / os idosos deixaram de ir
ao teatro, outros passaram a andar armados / A polícia
federal gravou um vídeo em que transporte público é
deficiente e, de quebra, o estresse e a violência seguem
à espreita / Subordinada ao Ministério da Previdência
e da Assistência Social, a maioria dos idosos.
Ao realizar a Análise Fatorial de Correspondência
(AFC), o Alceste permitiu visualizar, sob a forma de um
plano fatorial, as oposições resultantes da Classificação
Hierárquica Descendente (CHD). Como mostra a Figura
2, isto foi realizado a partir das diferenciações dos gêneros
textuais no plano fatorial, evidenciando as suas
especificidades, uma vez que permite perceber a ação
das variáveis-atributos e das quatro classes examinadas.
O conteúdo das matérias jornalísticas se distribui em
quatro zonas ou conglomerados, de modo não-aleatório
e correspondente às formas específicas das classes.
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Saraiva, E. R. A. e Coutinho, M. P. L. A difusão da violência contra idosos: um olhar psicossocial
Figura 2: Análise Fatorial de Correspondência, com a representação das coordenadas (Eixos 1 e 2), com destaque para as
quatro classes, as variáveis-atributos (em grafia em itálico) e as palavras com maiores cargas fatoriais.
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Psicologia & Sociedade; 24 (1), 112-121, 2012
A análise da Figura 2 foi feita a partir da leitura
das palavras com maiores cargas fatoriais, dispostas nos
campos semânticos e distribuídas de maneira oposta
nos dois eixos ou fatores (Eixo 1 e Eixo 2). Juntos, os
dois eixos explicam 64% da variância total das UCE.
Na linha horizontal, o primeiro eixo revela as maiores
cargas fatoriais identificadas no Alceste, explicando
42% da variância total das UCE.
No primeiro eixo, no lado negativo ou à esquerda da
Figura 2, destacam-se as palavras aglutinadas na Classe 4
(envelhecimento populacional e mortes por causas violentas),
apreendidas nos editoriais e entrevistas publicadas
em 2006 e 2002. Por oposição, no mesmo eixo, no lado
positivo, à direita, posicionam-se as palavras com maiores
cargas fatoriais agrupadas na Classe 2 (subordinação dos
idosos às normas legais e aos ditames científicos), que
emergiram das notas e reportagens do jornal Folha de São
Paulo, publicadas nos anos 2003 e 2007.
Com relação ao segundo eixo (Eixo 2), na linha
vertical da Figura 2, destacam-se dois agrupamentos de
palavras, que explicam 32% da variância total das UCE.
No Eixo 2, emergiram dois campos semânticos: um, no
plano superior, com as contribuições das reportagens
publicadas entre 2004 e 2006, da Classe 3 (vivências
domésticas e institucionais dos idosos); e, por contraste,
no plano inferior, posicionam-se as palavras oriundas
da seção painel do leitor e da entrevista, que foram
editadas no ano de 2003 e categorizadas na Classe 1
(subordinação dos idosos às ações governamentais).
Nos resultados da AFC sobressaem os espaçamentos
ou distâncias euclidianas entre as quatro classes,
dispostas no plano fatorial. Assim, a Classe 4, que trata
do processo de envelhecimento, aparece aglomerada
de forma mais distante das demais classes. Quanto
às Classes 1 e 2, embora dispostas em eixos fatoriais
diferentes, guardam uma grande proximidade espacial,
justificando o conteúdo das “subordinações a que são
submetidos os idosos”, entre as normas legais, relatórios
de grupos de pesquisas e programas governamentais.
Discussão
Tomando-se como referência o dendograma das
quatro classes (Figura 1) e o plano fatorial de correspondência
(Figura 2), chama atenção o modo de
difusão das representações sociais sobre a violência,
os maus-tratos e a negligência contra os idosos, que
foram veiculadas pela mídia (exemplificada pelo jornal
Folha de São Paulo). De maneira geral, essa difusão
se deu através de dois polos, um deles referente aos
dados demográficos e epidemiológicos encontrados
em editoriais e entrevistas. O outro polo diz respeito
às vivências familiares e institucionais dos idosos,
somadas à influência da ciência (médicos, geriatras,
coordenadores de pesquisa), dos órgãos governamentais
(presidente, IBGE, Ministério da Previdência Social) e
do dispositivo legal (Estatuto do Idoso).
Quanto ao primeiro polo, identificado na Classe 4
da CHD, localizada na extremidade esquerda do dendograma,
observa-se que a difusão das RS foi ancorada em
um posicionamento atitudinal da mídia, que abordou os
fenômenos da violência e do envelhecimento como decorrentes
do aumento populacional e do crescimento da
violência social. Isso significa uma decisão da mídia em
dar cobertura ampla e imparcial, com falas reportadas,
em detrimento de uma proposta de mudança comportamental
do seu público-alvo. Os dados numéricos das
palavras com cargas fatoriais indicadas na CHD e na
AFC (aumento, IBGE, total, mínimo, milhões) confirmam
esse argumento. Nesse caso, os verbos “causar”
e “aumentar”, com altas cargas fatoriais presentes na
AFC, parecem indicar uma relação de causa e efeito: em
um lado, estão o aumento populacional e o crescimento
da violência social; e no outro lado, situa-se a própria
violência contra os idosos. Esse posicionamento confirma
os estudos sobre a expectativa de vida (PNUD,
2010), sobre o envelhecimento demográfico (IBGE,
2008; Organização das Nações Unidas, 2002; Siqueira,
Botelho, & Coelho, 2002) e sobre a importância de se
investigar a violência entrelaçada com o envelhecimento
(Florêncio, Ferreira Filha, & Sá, 2007).
No segundo polo de difusão das representações
sociais sobre a violência contra os idosos, aparecem
diluídos os aspectos vivenciais no âmbito doméstico e
no âmbito das instituições de longa permanência para
os idosos. Esses aspectos vivenciais estão registrados
na Classe 3 da CHD, com uma frequência de 23,53%
para as palavras presentes em reportagens, onde os
idosos têm a sua vida destacada, contra 44,5% dos
conteúdos de forma reduzida, ilustrados nas Classes 1
e 2. Nessas duas classes, o jornal trata substancialmente
dos discursos das autoridades socialmente constituídas,
desde os representantes da ciência até os dirigentes de
órgãos públicos, além de fazer menção ao documento
destinado a regular os direitos assegurados às pessoas
com idade igual ou superior a 60 anos, o Estatuto do
Idoso (Lei n. 10.741, 2003). É interessante perceber
que as U.C.E. que emergiram do corpus estudado e que
compõem as Classes 1 e 2 foram aglutinadas a partir
de notícias veiculadas no ano de 2003, época em que
estava em andamento a redação final do Estatuto do
Idoso, publicado em outubro do referido ano.
As objetivações utilizadas nos discursos da mídia estudada,
principalmente aglutinadas na Classe 4 (aumentar,
total, mínimo, milhões, expectativa, vida, política, causas,
mortes), confirmam o entendimento e o posicionamento
dos organismos que propõem políticas públicas voltadas
para a saúde. Tanto ao nível nacional quanto ao nível inter120
Saraiva, E. R. A. e Coutinho, M. P. L. A difusão da violência contra idosos: um olhar psicossocial
nacional, tais políticas públicas se referem, principalmente,
às causas externas ou às mortes violentas, atreladas ao
estudo sobre a violência (Ministério da Saúde, 2001; OMS,
2002, 2008; Portaria MS/GM n. 737, 2001).
A voz do idoso, o principal protagonista da norma
protetora dos seus direitos, fica pouco evidente, levando
a inferir a sua exclusão do foco da atenção da mídia
impressa. Essa evidência corrobora o pensamento de
Minayo e Souza (2005), no sentido de que o estudo
da violência contra a pessoa idosa está fundamentado
nos pontos de vista demográfico, epidemiológico e
socioantropológico. No presente estudo, os recortes do
jornal estudado situaram-se majoritariamente nos dois
primeiros pontos de vista.
Em complemento a essa realidade, o poder da
mídia valoriza a força das instâncias governamentais
e científicas e torna visível a fraqueza da palavra dos
próprios idosos. Esse argumento se confirma pelo uso,
nas objetivações, de verbos como “lamentar, dizer e
recomendar”, com cargas fatoriais identificadas nas
U.C.E. representativas da Classe 2. Esta classe se refere
às falas reportadas atribuídas aos médicos geriatras e
aos pesquisadores da comunidade científica, convidados
pelo jornal para fundamentar a sua reportagem. De
acordo com Gavazzi e Rodrigues (2003), a escolha de
tais verbos avaliativos ancora os discursos do jornal
na solidariedade (lamentar) e na valorização positiva
(recomendar) dos informantes presentes no texto, como
também no apelo à imparcialidade (dizer). Por outro
lado, as cargas fatoriais presentes nos verbos “levar e
morrer”, identificados nas U.C.E. representativas da
Classe 3, ancoram o posicionamento da mídia impressa
na fragilidade e na vulnerabilidade dos idosos, confirmando
os estudos de Machado e Queiroz (2006).
Portanto, pode-se concluir que o objetivo principal
do presente estudo foi confirmado, na medida
em que demonstrou que as representações sociais da
violência contra o idoso podem ser apreendidas a partir
dos gêneros textuais veiculados pela mídia investigada.
Além disso, os resultados mostraram que na veiculação
das representações sociais da violência contra o idoso
transparece a deliberação de publicar notícias que privilegiam
uma visão demográfica e epidemiológica do
envelhecimento e da violência, aliada à valorização das
personalidades científicas e políticas.
Esse conhecimento do senso comum difundido
pelo jornal Folha de São Paulo desvela, de forma incompleta
e inacabada, o fenômeno da violência e dos
maus-tratos contra a pessoa idosa. Essa incompletude
traz o risco da estereotipia, uma vez que não torna evidente,
para o seu público, a importância de relacionar
os indicadores numéricos e as falas das autoridades
com a necessidade de reconfiguração, tanto do ciclo de
vida dos idosos quanto dos seus novos papéis sociais.
Dessa forma, os achados deste estudo parecem
confirmar o perfil do jornal escolhido, o qual, embora
supostamente neutro, opta por um jornalismo intelectual,
científico e com linguagem elaborada. Dessa
maneira, o jornal Folha de São Paulo encontra-se
inserido num sistema de difusão das representações
hegemônicas da sociedade, que imprimem uma pressão
sobre os sujeitos sociais.
Nessa constatação reside uma das limitações do
presente estudo, na medida em que carece de uma complementação,
em resposta a algumas questões ainda em
aberto. Uma dessas questões se resume em saber como
os indivíduos elaboram as explicações sobre as questões
sociais. De maneira intrinsecamente relacionada, torna-se
importante determinar, também, como essas elaborações
dos indivíduos se relacionam com a difusão, pelos veículos
de comunicação, das mensagens dos indivíduos a respeito
dos seus comportamentos e da organização social.
Por fim, convém salientar, ainda, que outra limitação
deste estudo foi a utilização de uma expressão
restritiva para apreender as teorias do senso comum
divulgadas pela mídia selecionada (“violência contra
idosos”). Entende-se ser necessária a ampliação da
busca de notícias por meio do uso de expressões tais
como “maus-tratos contra idosos” e “negligência contra
idosos”. Pressupõe-se que tal medida poderá propiciar
o registro de uma maior quantidade de documentos
e, consequentemente, uma mais ampla apreensão das
representações sociais da mídia impressa pesquisada.
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Recebido em: 22/05/2009
Revisão em: 30/10/2010
Aceite em: 02/01/2012
Evelyn Rúbia de Albuquerque Saraiva é Doutora em
Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba e
docente do Departamento de Psicologia da Universidade
Federal da Paraíba. Endereço: Universidade Federal da
Paraíba, Campus I. Departamento de Psicologia/CCHLA.
Cidade Universitária. João Pessoa/PB, Brasil. CEP 58051-
900. Email: evelynsaraiva@hotmail.com
Maria da Penha de Lima Coutinho é Doutora em Psicologia
pela Universidade de São Paulo, docente do Departamento
de Psicologia da Universidade Federal da Paraíba.
Email: mplcoutinho@gmail.com
Como citar:
Saraiva, E. R. A. & Coutinho, M. P. L. (2012). A difusão da
violência contra idosos: um olhar psicossocial. Psicologia
& Sociedade, 24(1), 112-121.
THE END